"The smallest minority on earth is the individual. Those who deny individual rights cannot claim to be defenders of minorities." Ayn Rand

sábado, janeiro 6

Rally Dakar

Há uma triologia de respeito que se impõe ao estereótipo do homem: carros, gajas e futebol. A mim, escapa-me a primeira... os carros.
Não sou um fanático por carros, e tenho uma filosofia em relação aos mesmos muito semelhante à que se associa às mulheres: desde que dê para andar, tudo bem*. Não deixo de ser alvo do gozo dos meus amigos em certas situações, nomeadamente quando confundo Porches com Ferraris, ou merdas mais requintadas, como quando não sei a que classe pertence um determinado Mercedes. No entanto, não deixo de gostar de algumas provas velocipédicas. A fórmula 1 é uma delas. Outra é a do rally Dakar.
O rally Dakar é aliás tudo menos um rally tradicional. É acima de tudo uma prova de resistência. E é esse confronto de dois homens metidos no carro a "viajar" na solidão do deserto que me apaixona. Não é de estranhar que cerca de 80% dos pilotos que "concorrem" no rally sejam amadores. É que esta merda do rally Dakar é apaixonante. Na fórmula 1, por exemplo, a principal luta é por terminar no melhor lugar possível, indubitavelmente. Mas no rally Dakar só 20% dos pilotos anda lá a lutar por terminar no melhor lugar possível. Para os restantes, a competição não é entre eles e os outros, mas sim entre eles e o deserto. O objectivo não é chegar em determinada posição, mas simplesmente chegar.
É por isso que no Dakar não é raro ver provas de entreajuda humana, com vários pilotos a pararem para ajudarem outro piloto com problemas. Não é raro ver um tipo que está em último lugar chegar de madrugada ao ponto de chegada, após uma etapa esgotante, e mesmo assim vir com um sorriso no rosto, e com uma única preocupação: se o seu carro/mota/camião está em condições para continuar no dia seguinte. O Dakar não é só uma prova de condução, é também um desafio de mecânica.
Depois há a competição em si, e essa merda da luta entre a Mitsubishi, a Volkswagen e a BMW pela vitória (ou não) no rally. É normal que existam marcas automóveis que queiram vencer o rally a bem da publicidade. É normal que seja um piloto destas marcas a vencer. O que também é normal, mas que a mim deixa-me profundamente irritado, é que as marcas optem por patrocinar, não os melhores pilotos, mas os pilotos que lhes aumentem as vendas em determinado mercado. É por estas e por outras ,que nascer num país com pouco mais de dez milhões de habitantes é limitativo, e faz com que um dos melhores e mais experientes pilotos presentes no rally Dakar, o nosso Carlos Sousa - que não é dos amadores, e que anda naquela merda porque gostava de vencer - dificilmente veja o seu sonho concretizado.
* mudar um pneu não é problema (achei por bem referir isto).
PS: ao que parece houve muitos pilotos que não gostaram dalgumas reacções do público português nesta 1ªetapa. Sempre lamentável.

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