"The smallest minority on earth is the individual. Those who deny individual rights cannot claim to be defenders of minorities." Ayn Rand

quarta-feira, janeiro 23

Dinâmica, Preferências e Injustiças (2)

Os óscares não conseguem eleger o "melhor" de forma absoluta, "melhor" é um termo relativo e varia de pessoa para pessoa - não é por acaso que nos comentários aos óscares utilizo várias vezes a expressão "na minha opinião", "para mim", etc... Da mesma forma, os óscares (entenda-se o conjunto variado de pessoas que decide os nomeados e os vencedores) também não são mais do que um conjunto de opiniões (que em última análise, individualmente consideradas, não terão muito mais validade que a minha própria opinião). Também estas pessoas que decidem os óscares são influenciados pelo marketing, pela critica especializada, etc... Um exemplo: o que afasta Atonement do óscar de melhor filme é a critica especializada, entre as pessoas que conheço e dos comentários que leio na web, o filme é um fenómeno de sucesso entre a maior parte dos cinéfilos que já o viram. É daqui que vem a dinâmica tipica dos óscares. É ler as revistas dedidacas a cinema, as criticas aos filmes, o ambiente junto do público de cinema no geral, o histórico dos nomeados, e podemos antever os vencedores sem ter necessariamente de conhecer (ou reconhecer) a qualidade intrinseca do produto em análise. Segundo consta, inclusive, vários dos filmes nomeados nunca chegam a ser visionados por aqueles que fazendo parte da academia, votam. Um exemplo: quantas pessoas já atribuem o favoritismo a Daniel Day Lewis na categoria de melhor actor sem ainda terem posto os olhos no There Will Be Blood? E contra mim falo, que também não sou imune a estas influências - embora a categoria de melhor actor este ano, na minha opinião (expressão utilizada só para corroborar o que refiro mais acima), seja mais complicada do que à partida poderemos imaginar, mas isso fica para outro post, noutro dia.

Não sei se poderei argumentar que houve vencedores injustos, mas poderei argumentar certamente que houve vencedores que tendo em conta o teste do tempo não parecem justificáveis. Citizen Kane não ganhou o óscar de melhor filme, mas é hoje estudado nas universidades norte-americanas como um exemplo na arte cinematográfica de bem filmar, um filme que revolucionou os paradigmas do cinema de então (quantos filmes poderão dizer que havia um cinema antes dele e um cinema depois dele?). Outro exemplo que arrasa de forma brutal qualquer esperança que alguém possa ter que os filmes saidos dos óscares sejam indubitavelmente os melhores do seu ano: Rocky, Ordinary People e Dance with the Wolves. O que tem em comum estes três filmes? Retiraram o titulo de melhor filme a Taxi Driver, Raging Bull e Goodfellas todos eles de Martin Scorsese - e qualquer um deles é uma obra prima que pouco deve a qualquer outro filme do cinema mundial. Scorsese viu-se então obrigado a um rastejar nos primórdios do século XXI com filmes menores e mais comerciais como Gangs of New York, The Aviator ou The Departed para ganhar o tão merecido óscar.

Martin Scorsese nunca foi um dos preferidos dos óscares, mas o teste do tempo para com as suas três obras primas pesou na consciência da gentes da academia. No ano passado, quando nada de revolucionário é esperado que Scorsese possa trazer ao cinema actual, julgaram ser chegada a hora para premiá-lo. Quem dá os prémios também é preconceituoso, sabem...

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