O John Lennon no final da sua vida era tão inglês quanto americano. A bem portuguesa Mariza passou uma temporada a dar concertos nos Estados Unidos - especialmente na área de Nova Iorque - e logo referiu que gostava de passar parte da sua vida naquele país. O melhor filme em lingua francesa do ano, The Diving Bell and the Butterfly, só existe porque os americanos financiaram-no; levam os franceses anos e anos a procurar formas de manterem a sua lingua viva no mundo, e são os americanos quem mais contribui para isso este ano (os franceses, chauvinistas como são, não apresentam o The Diving Bell and the Butterfly como a sua escolha para os óscares, o que impossibilitou a sua nomeação para melhor filme em lingua estrangeira - fuck them). A inglesa Samantha Morton ontem nos BAFTA referia-se ao facto do governo inglês não financiar o cinema britânico, mas que graças aos americanos (e ao seu dinheiro) os ingleses tinham a oportunidade de brilhar por esse mundo fora (espero que ela saiba que o governo americano também não financia o cinema americano). A Amy Winehouse é britânica e os americanos reconhecem-na como uma das maiores do mundo. A Nelly Furtado, Ellen Page, Avril Lavigne, Alanis Morisette ou Shania Twain (que foi considerada a rainha do country norte-americano) são todas canadianas. A Nicole Kidman e a Cate Blanchett são australianas. O Russel Crowe nasceu na Nova Zelândia, e o Heath Leder (cuja morte os americanos trataram como se fosse de um dos seus) nasceu na Austrália. A Salma Hayek é mexicana e a Gloria Estefan é cubana.
Não há nenhum outro país do mundo com a capacidade de transformar quem nasceu fora das suas fronteiras num dos seus como os americanos fazem - e os americanos são especialmente bons nisso quando se trata de gente com talento.
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