"The smallest minority on earth is the individual. Those who deny individual rights cannot claim to be defenders of minorities." Ayn Rand

quarta-feira, fevereiro 20

Mais do que um homem, um movimento...

Aliás, alguma comunicação social portuguesa escreve muitas vezes sem conhecimento de causa e por isso surgem agora vozes surpreendidas com o sucesso de Barack Obama. Por exemplo, uma comentadora do Expresso ainda há semanas jurava que Hillary seria a próxima Presidente dos Estados Unidos e, passada a euforia sobre a senhora Clinton, agora já assegura que o tal que votou contra a guerra no Iraque (Obama sempre se opôs, mas não votou contra coisa nenhuma, pois apenas está no Senado desde 2005) vai ser o próximo Presidente dos Estados Unidos.
Quem o diz é Nuno Gouveia no sempre excelente Eleições Americanas de 2008. E diz com razão. Já aqui também havia feito um certo eco de tal situação, nomeadamente com a forma convencida como Marcelo Rebelo de Sousa a 16 de dezembro de 2007 havia dito com o seu ar de quem tudo sabe, que caso Gore se candidatasse venceria facilmente as primárias democratas (sic). Um dia antes disso (15 de dezembro de 2007), já eu dava conta das noticias do desaparecimento da inevitabilidade da vitória de Hillary Clinton nas primárias norte-americanas. E a 19 de dezembro, com dois gráficos simples, referia-me à dinâmica associada à candidatura de Obama. A comunicação social portuguesa demorou tempo a perceber o que se passava - foi uma reacção um tanto ou quanto parecida com a da própria campanha de Hillary Clinton (até à super terça-feira nunca chegaram a perceber o que se passava - embora já tivessem sido abalados tremendamente com a vitória inicial de Obama em Iowa).

Outro discurso que passa, mesmo por gente séria e bem informada, é que Barack Obama é um candidato de plástico, vazio, sem ideias - um bom orador, sem substância. Nada mais errado. Nem todas as ideias serão as melhores, mas o homem está certamente cheio de ideias, basta vasculhar em meia dúzia de discursos (por exemplo o da vitória de ontem no Wisconsin demorou longos 45 minutos, em jeito de resposta a John McCain e Hillary Clinton, um discurso feito por um politico com ideias e não por um bom orador - e sinceramente acho que Obama não deve voltar a seguir por esse caminho, deve manter-se com os seus discursos inspiradores, porque é isso que as pessoas querem ouvir).

É óbvio que as ideias de Obama são (embora não seja tão linear quanto isso) de pendor socialista, e eu, por exemplo, facilmente me deixo levar - mesmo que o orador não tenha a habilidade de Obama - por o discurso de John McCain. Mas a politica do medo, do inimigo comum (a Al-Qaeda), da guerra, que McCain pretende levar a cabo é particularmente mais maligna para o mundo e para os Estados Unidos do que algumas politicas socialistas de Obama - essa, pelo menos, é para já a minha opinião. Opinião essa que McCain só veio reforçar quando ainda recentemente não votou favoravelmente a uma lei que pretendia banir práticas de tortura no país.

Já Obama diz claramente que a guerra do iraque foi um erro e os soldados americanos devem voltar a casa. Diz também que vai acabar com Guantanamo. Vai restaurar o Habeas Corpus. E, focando uma questão recente, entre todos os candidatos, é aquele que mais facilmente parece disposto a levantar o embargo a Cuba. Ora, quando McCain vem com o discurso de que o estado americano não deve decidir pelos cidadãos americanos como é que estes devem levar a sua vida, não fará sentido deixar qualquer cidadão americano que queira ter relações comerciais com Cuba possa fazê-lo? E se os cidadãos sabem melhor do que o estado como governar as suas vidas, faz sentido forçar os americanos a contribuirem financeiramente com os seus impostos para uma guerra que neste momento a maioria não pretende manter? Obama é um socialista, mas McCain também não é nenhum liberal - esse era Ron Paul, e foi fácil verificar como o partido republicano o tratou: praticamente corrido a pontapé, mesmo as minimas percentagens que teve nas eleições foram maioritariamente baseadas no voto dos independentes. É neste partido republicano que a direita liberal quer acreditar? Eu não... que ganhe o partido democrata, que ganhe Obama.

Add to Technorati Favorites Subscribe with Bloglines Subscribe to RSS Feed