"The smallest minority on earth is the individual. Those who deny individual rights cannot claim to be defenders of minorities." Ayn Rand

quinta-feira, março 6

Indignação

Um ambiente pesado percorre parte do país. Os exemplos mais flagrantes são o caso da saúde e da educação, e se o primeiro caso levou à queda de um ministro, no segundo a ministra não caiu por teimosia de Sócrates. Justifica-se a teimosia de Sócrates? Não serei a pessoa mais indicada para responder, por mim bem podiam cair todos os ministros. O que está errado é a filosofia geral e não a politica especifica deste ou daquele ministro. Quer isto dizer que concordo com a manifestação dos professores? Longe disso. Posso facilmente concordar com qualquer professor que a educação vai mal, mas facilmente discordo quando passamos para o plano das medidas concretas que a maior parte dos professores deseja ver implementadas para melhorar o serviço que prestam.

A própria forma como a maior parte dos professores coloca o problema leva-me logo a discordar destes. Quem ouve os professores - pelo menos os que falam na televisão - percebe imediatamente que eles colocam-se no centro do sistema de ensino. Cometem o erro tipico do habitual funcionário público português: não perceber que o centro do ensino e aquele em torno do qual o sistema de educação deve funcionar é o aluno. Que este deve ser focalizado na satisfação daqueles que sustentam o sistema, os pais dos alunos, o contribuinte português.

Não sei se o processo de avaliação proposto pela ministra é bom ou não, mas sei que a queixa dos professores que elementos exteriores a estes - como os alunos ou os pais dos alunos - não os devem poder avaliar porque só eles próprios, que estão dentro, conhecem o sistema não faz o minimo sentido - e é uma história que em última análise só surge no funcionalismo público.

O mal do sistema público de educação é que não gera competitividade nem entre escolas nem entre professores para apresentarem os melhores resultados possiveis. As escolas nem têm autonomia financeira, nem têm autonomia na contratação de professores. Os pais não têm total liberdade de colocação dos seus filhos onde bem entenderem e a transparência do sistema não é o melhor possível.

Bastava uma mistura destes quatros elementos: autonomia financeira, autonomia na contratação de professores, liberdade de escolha para os pais e maior transparência do sistema e a educação ia ao lugar. Mas a autonomia financeira assusta os professores e as direcções escolares - obrigava-os a lutar pela obtenção de alunos para se financiarem. A autonomia na contratação de professores - esse cancro que afecta o sistema - assusta os professores, que imediatamente saltam com o papão das escolhas por cunhas. E a liberdade de escolha para os pais e maior transparência do ensino assusta, e de que maneira, as escolas com maus resultados.

Na prática, existe o medo que o sistema que defendo resulte num sistema de escolas com resultados diferenciados. Nada que me assuste, o que me assusta é este sistema onde quase tudo é mediocre e contam-se pelos dedos da mão as escolas que verdadeiramente funcionam.

PS: imagem gamada descaradamente à serotonina.

Add to Technorati Favorites Subscribe with Bloglines Subscribe to RSS Feed