"The smallest minority on earth is the individual. Those who deny individual rights cannot claim to be defenders of minorities." Ayn Rand

domingo, março 9

Mudar o Sistema

João Miranda, no DN (negritos meus):

O sistema de ensino do futuro terá obrigatoriamente de ser composto por escolas com autonomia pedagógica e financeira. Essas escolas terão de ter total liberdade para escolher e avaliar professores, contratar directores e captar financiamentos. Maria de Lurdes Rodrigues fez muito pouco para preparar este futuro. Deu prioridade à reforma da carreira docente e da avaliação dos professores. Descurou a avaliação das escolas e a autonomia. Criou regras demasiado específicas para a avaliação dos professores. Teve uma boa ideia quando criou um novo patamar na carreira docente, o cargo de professor titular. Mas desbaratou a oportunidade de renovar o quadro de professores no topo da carreira ao preencher quase todas as vagas num único concurso usando como principal critério a antiguidade. Não é possível neste momento criar escolas autónomas. Essas escolas herdariam obrigações para com os seus funcionários e regulamentos de avaliação que lhes retirariam autonomia efectiva. O aparecimento de escolas verdadeiramente autónomas terá que ser precedido de uma nova reforma da carreira docente e do sistema de avaliação.
O João Miranda explica e bem o que devia ser feito, mas como é evidente a ouvir os professores que ontem se manifestaram em peso, poucos concordam com o João Miranda e poucos lhe dão razão. A verdade é que o passo dado pela ministra da educação para a efectiva avaliação dos professores, por muitos defeitos que possa ter, vai no bom caminho e peca por ser escasso em relação ao que se impunha fazer. Na SIC passou uma reportagem onde um jornalista perguntava a um dos manifestantes contra o quê especificamente no sistema de avaliação proposto pela ministra ele se manifestava - o professor, após uma pausa prolongada por falta de argumentos e informação (bem sabe o homem o que a ministra quer implementar), lá respondeu: "estou contra a avaliação...". Não ouvi a nenhum dos professores presentes na manifestação qualquer critica especifica ao programa de avaliação da ministra, e ainda menos ouvi sobre medidas especificas que os professores gostassem de ver implementadas - só oiço coisas vagas como: "a ministra não nos pode tratar assim"; "a ministra tem que sentar-se e falar connosco", está bem, mas a ministra tem de falar com os professores para e sobre o quê? Qual é a contra proposta dos professores ao que a ministra propõe? E onde erra a ministra no plano que propõe? Nada... nem uma palavrinha. E isso irrita-me, porque em última instância parece-me que o que os professores querem é que tudo fique na mesma. Os professores concordam com a progressão na carreira com base na antiguidade? Os professores concordam com a colocação dos professores nas escolas através de um sistema central com base em critérios pré-definidos pelo ministério da educação? Parece-me que sim, e por isso não me parece que os professores queiram mudar o que quer que seja.

Por muito que eu também não goste da ministra da educação, entre a posição da ministra e a da maior parte dos professores não me restam muitas dúvidas qual o lado onde me coloco. Quando os professores quiserem tirar poderes ao ministério da educação e descentralizar os poderes para as direcções escolares, aí sim podem contar com o meu apoio - neste momento não é isso que pretendem. E sempre dá jeito aos profs ter o poder centralizado, quando a coisa corre mal é fácil encontrar o bode expiatório - a ministra e a sua politica.

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