"The smallest minority on earth is the individual. Those who deny individual rights cannot claim to be defenders of minorities." Ayn Rand

domingo, março 9

Mediocridade

Na educação as direcções escolares não tem autonomia na tomada de decisões, logo não é possível responsabilizá-las totalmente pelos resultados dessa mesma escola. Se alguém da direcção escolar toma uma má decisão, por exemplo uma escolha com base na cunha e não no mérito, essa decisão não terá repercussões para a direcção escolar. A responsabilização é uma das melhores formas de evitar a cunha, e é em muito por causa da falta de responsabilização das chefias intermédias que o sistema funciona como funciona. O hábito é só responsabilizar a cabeça do sistema, a figura de proa do ministério, quando o que era devido era todos serem responsabilizados pelas suas decisões.

Ao mesmo tempo, se o critério mais importante para progressão na carreira é o tempo de serviço, não há qualquer incentivo extra - para além do possível gosto em educar - em que um professor excelente em inicio de actividade se destaque do seu colega mediocre também em inicio de actividade, nem qualquer incentivo para que o professor mediocre tente ser mais do que isso. Mais uma vez, se a direcção escolar não pode premiar um professor que considere melhor que outro, como poderá essa mesma direcção escolar ser responsabilizada pelos resultados da escola? Não pode - resta culpar a ministra que é quem decide as regras de progressão da carreira e colocação dos professores.

Ora, com este sistema, as chefias não se importam de fazer escolhas com outra base que não o mérito. Os professores que se apercebem desta situação e que não imaginam outra realidade se não esta, assustam-se e fogem a sete pés da possibilidade de o poder das chefias aumentar. Os professores acham que maior poder significará maior discricionariedade na tomada de decisões, não percebem que se a esse poder estiver associada maior responsabilidade, o incentivo para não premiar com base no mérito desaparece.

Por outro lado em Portugal há medo de destacar quem tem mérito. Há medo de dizer esta escola é melhor que aquela, ou este professor é melhor que aquele - e é preciso perder esse medo para um novo sistema de ensino funcionar. É preciso porque só havendo classificação das escolas é que se pode avaliar se uma direcção escolar está ou não a fazer um bom trabalho - para além do facto óbvio de essa informação ser benéfica para os pais que assim sabem onde melhor colocar as suas crianças. E as direcções escolares precisam de ter a sua avaliação de professores para poderem fazer um bom trabalho e premiarem os melhores.

Outro tópico importante é o da fixação do programa escolar, acho que é facilmente perceptível da minha conversa sobre autonomia das direcções escolares que o programa também não devia ser fixado pelo ministério central. Cada escola devia ter possibilidade de ensinar aos seus alunos o que, e como bem, entendesse. Mas este é um assunto que dá pano para mangas e fica para outro post.

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