Vi o filme de François Ozon ontem pela primeira vez, este Le Temps Qui Reste parte de uma história comovente: um jovem de 31 anos é confrontado com a iminência da sua morte devido a um cancro terminal. Não vou dizer que é um grande filme, porque não o é, mas gostei.
A seu favor tem a forma como o realizador consegue captar a essência do sofrimento e desespero que grassa na cabeça do personagem principal, sem nunca cair na banalidade e no exagero. Também é curiosa a forma como a homosexualidade é introduzida no filme, com naturalidade, sem tabús, sendo um sub-tema do filme, que de certa forma acaba por relacionar-se com o tema principal.
A angústia que a mãe de Romain demonstra pelo filho não lhe ter dado um neto, também é de certa maneira reflectida em Romain, que dada a sua orientação sexual, vê ser-lhe vedado o acesso a essa espécie de prolongamento da sua própria vida, com a impossibilidade do nascimento de um filho seu. Essa revolta vê-se na forma como afasta a sua irmã de forma cruel, pela irritação que tem aos seus sobrinhos, que lhe relembram constantemente a limitação a que está sujeito.
Tal limitação ganha maior relevo, agora que vê-se confrontado com a iminência da sua morte. Mas aí acontece algo no filme que permitirá a Romain prolongar a sua existência... e aceitar o fim da sua vida com alguma tranquilidade. É essa parte da história que foi algo forçada por parte do realizador, e que não me deixou muito confortável com o mesmo. À parte isso, é um bom filme.
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