Nos últimos tempos Clara Ferreira Alves tem estado inspirada (mais do que normal) no programa da SIC Noticias. Depois de na última semana ter sido autora da frase brilhante - Israel tem o direito de se defender, e o Hezzbolah também tem o direito de se defender - mais coisa, menos coisa, porque cito de memória. Frase esta, só por si, suficiente para ilustrar o pensamento de tal figura (não percebo porquê que a ETA não se lembra de sair-se também com tal argumento - A Espanha tem o direito de defender-se, e a ETA também tem o direito de se defender). Agora, no programa que foi para o ar hoje, a propósito da proposta para limitar o acesso a determinados alimentos "prejudiciais" que se vendem nos bares das escolas, sai-se com a seguinte frase - Junk Food nas escolas para encher as multinacionais de dinheiro - e não ficando contente com tal achado, ainda lembrou-se de comparar a Junk Food com o tabaco, com o álcool, e melhor que tudo, com o haxixe e as mortalhas.
Em primeiro lugar, nunca me dei conta que fosse a McDonald's, a Pan's & Company, o Burguer King, o Kentucky Fried Chicken, a Pizza Hut, ou outra qualquer multinacional (pelo menos daquelas a que eu acho que CFA referia-se) a dirigir os bares das escolas do segundo e terceiro ciclo, portanto ainda não captei totalmente onde é que as multinacionais lucram com o negócio... é que, pelo menos nas escolas por onde andei, quem tinha o direito de exploração dos bares das mesmas (direito esse pago a preço de ouro) eram empresários pequenos, cuja actividade de negócios, não ia para além das fronteiras nacionais. Talvez CFA estivesse a referir-se à Frigo, ou à Iglo, que comercializam hamburgers congelados... não sei... acho que nunca saberei. Depois, acho que é fácil perceber onde quer chegar CFA com o seu raciocinio em que compara a junk food com o álcool e o tabaco: começa-se por proibir nas escolas, depois alarga-se aos centros comerciais, e por aí adiante, até serem totalmente proibidas - lá se vão os lucros das multinacionais em Portugal...
Uma grande preocupação da CFA é o dinheiro que o estado gasta a tratar dos obesos, e a solução que CFA encontra é esta: já que o estado vai gastar dinheiro a tratar de obesos, só tem uma solução: usar todos os mecanismos que tem ao seu dispor, mesmo que tal diminua a nossa liberdade, para evitar que mais e mais pessoas fiquem obesas. É, este é de facto um grande problema, o Estado quer dar-nos tudo, e depois começa também a querer controlar aquilo que pudemos obter - como forma de controlar que aquilo que nos vai ter que dar, não vai ser excessivo... Curioso será notar, que CFA, não deve ter nenhum problema com o facto do estado ir gastar dinheiro a financiar o aborto de outros...
Isto das proibições, aliás, está agora em voga. Em Madrid proibem-se as modelos magras de desfilar - tudo com boas intenções, atenção, porque temos que combater esse problema que é a anorexia. Depois começa-se a pensar em proibir o fumo em locais privados de acesso público(restaurantes, bares, discotecas, etc...). E depois, é só apanhar o gosto, e até aposto o que vem a seguir: proibir os gordos de comer em locais públicos... a bem da sua saude, atenção. Tudo com boas intenções, evidentemente...
No ouvido, hoje no programa Eixo do Mal:
(Diálogo entre José Júdice (JJ) e Clara Ferreira Alves (CFA) no programa Eixo do Mal na Sic Noticias)
JJ - O chocolate aumenta a inteligência...
CFA [interrompendo JJ, como normalmente interrompe qualquer um naquele programa] - Mas qual chocolate...
JJ [dirigindo-se a CFA] - O chocolate aumenta a inteligência. Come chocolates...
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