"The smallest minority on earth is the individual. Those who deny individual rights cannot claim to be defenders of minorities." Ayn Rand

sábado, fevereiro 17

Nicolas Sarkozy

Ségo-Sarko (ultimamente mais Sarko que Ségo)

A revista The Economist traz na sua última edição um artigo sobre Segolène Royal, intitulado The Lady in Red. Neste traça um quadro negro sobre Ségo, reportando ao facto de para alguém que quer transparecer modernidade, frescura e originalidade, parece querer adoptar o mesmo tipo de politicas ultrupassadas de esquerda, já várias vezes apresentadas, já várias vezes fracassadas. Nesse aspecto, o actual primeiro-ministro Tony Blair, com a sua terceira via, que tanto irrita muita gente de esquerda, foi de longe o que conseguiu dar uma nova perspectiva à esquerda, e levá-la a caminhar para o futuro. Blair foi o último grande líder da Europa, que seguiu-se a nomes gigantes como Margaret Tatcher, François Miterrand, ou Elmut Kohl. A Espanha também teve líderes fortes, em Felipe González e José Maria Aznar - mas convenhamos, esta ainda não tem o peso politico dum Reino Unido, duma Alemanha, ou duma França. Em Itália, lideres fortes, só Silvio Berlusconi, mas este, tal é a teia de corrupção à sua volta, e o estilo abrupto e autoritário com que faz politica, que só denigre a sua credibilidade politica, e deixa mal vista uma certa direita europeia.

Quantos se lembrarão de Gerhard Schröder? E de Jacques Chirac? Bem, deste último lembrarão-se com certeza, mas não tanto por ter contribuido por algo mais na politica internacional, somente por se ter imposto à politica americana, e tentado fazer transparecer na França um contraponto aos Estados Unidos. A Itália, cheia de instabilidade politica, também não será com Romano Prodi que voltará a fazer ouvir a sua voz no mundo. E a Espanha garantiu a um Zapatero uma vitória imerecida, e a esperança que dali vinha algo de bom, parece ter caido finalmente por terra com os atentados da ETA. A Alemanha substituiu um Schröder por uma Merkel, mas dada a forma governamental que a Alemanha foi obrigada a adoptar, uma coligação entre esquerda e direita, a força de Merkel ficou minada, e não me parece que esta vá trazer nada de especial à Europa. Em Inglaterra já se sabe que será entre Cameron e Brown que se disputará a próxima eleição... mas não tenho muitas dúvidas, nenhum deles convence-me, e quem quer que se siga a Blair, terá enormes dificuldades em singrar. Vem aí um novo John Major.

Neste clima de uma Europa sem liderança, não é de estranhar a forma como Vladimir Putin aparece no terreno, tentando voltar a pôr a Rússia no terreno. Esta Europa da conversação, que já não vê nos Estados Unidos um aliado natural, mas que ao mesmo tempo não apresenta alternativa à politica deste que não sejam as conversações, que resultam invariavelmente num fracasso, fica sem força e é normal que outros ocupem o espaço vazio que esta deixou ficar. O mundo ficará certamente um lugar mais perigoso, se deixarmos a luta contra os radicais somente para os Estados Unidos. E o problema é que muitos na Europa, falo do povo está claro, gostavam de ver os Estados Unidos a perder a sua batalha, tal é o ódio que nutrem por estes - muitos à espera de uma vingança após a queda da União Soviética. É por isso que só com lideres fortes na Europa o mundo poderá voltar a ficar mais seguro. Convenhamos, Angela Merkel por exemplo, bem se esforça por reforçar as relações da Alemanha com os Estados Unidos, mas se boa parte do seu povo é contra tal politica, de que lhe serve seguir essa politica se não consegue levar o seu próprio povo a aceitá-la.

Isto tudo para dizer que vejo em Nicolas Sarkozy um líder forte. E vejo nele uma vontade de alterar a relação França-Estados Unidos. O homem não é só virtudes, tenho aliás, muitas dúvidas em relação a algumas das ideias que expressa, mas considero que é talvez uma das últimas esperanças da Europa dar a volta por cima à situação de agonia a que chegou. Se Royal vencer... bem... não é o fim do mundo, mas talvez seja o fim do mundo como o conhecemos - ainda para mais, quando a senhora, parece não convencer pela inteligência - it's all in the look.

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