De um universo total de 8749 inquiridos, mais de metade dos entrevistados dos sete países explicou que não lê jornais por falta de tempo, enquanto dois em cada cinco entrevistados admitiram ser mais fácil e rápido ler notícias via Internet.
A pouca relevância dos conteúdos informativos em relação ao dia-a-dia e a prática de um jornalismo tendencioso foram outras das razões mencionadas pelos entrevistados para justificar o afastamento dos jornais.
O que está em causa não é só a invasão da internet no mercado dos jornais, mas também a intromissão da internet no poder mediático da televisão. Ao contrário da imprensa tradicional e das televisões generalistas que tendem a apresentar uma leitura dos factos muito próxima da opinião dominante - que por norma é também ela uma opinião moderada, não dada a extremos - a opinião de cada um de nós, enquanto individuos, raramente coincide com a opinião dominante.
Ora, a grande vantagem da internet sobre os jornais e sobre as televisões no que diz respeito à informação, é permitir a cada utilizador praticar um mix de acesso a fontes de informação - o que permite a confrontação de fontes e abordagens noticiosas - e mais do que isso, permite em muitos casos tornarmo-nos nós próprios comentadores das noticias e confrontar a nossa opinião com a de outros (com particular relevo para a blogosfera). Nesse aspecto, nem considero importante o factor da tendenciosidade da informação como um factor preponderante de afastamento das pessoas dos meios tradicionais de acesso à informação - nem me parece razoável pressumir que as pessoas na internet procurem noticias não tendenciosas - o que procurarão certamente é meios noticiosos com tendência a favorecerem a sua visão do mundo. E ao contrário dos generalistas, que tendem a tender para o centro - o que num país com 10 milhões de habitantes como Portugal leva-nos irremediavelmente para linhas editorias semelhantes em todos os orgãos de informação - na internet eu consigo criar um mix de fontes informativas que me permitem aceder, na maior parte das vezes, à informação a que eu dou maior relevância, e mais do que isso, a uma informação apresentada sobre um ponto de vista próximo do meu.
É desta possibilidade de aceder a informação dada do meu ponto de vista, e ao mesmo tempo, da possibilidade de confrontar a minha visão com o ponto de vista contrário, que a internet informa mais, melhor, e sobretudo, força-nos a questionar as nossas certezas sobre o mundo e a visão que fazemos dele.
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