"The smallest minority on earth is the individual. Those who deny individual rights cannot claim to be defenders of minorities." Ayn Rand

domingo, julho 1

A Minha Rua

A minha rua não é uma rua, é um largo - o largo da bica, como vulgarmente apelidam os locais. Na minha rua ainda existe um desses mini-mercados tão ameaçados pela concorrência dos supermercados. Ora, na minha terra, há cada vez mais super's e cada vez menos mini's. Estranho? Não. Eu próprio já não me recordo quando foi a última vez que pus os pés no mini da minha rua.

Foi na minha rua que cresci. Na minha rua assisti ao renovar da vida. Conto pelos dedos os prédios que se mantêm fiéis às minhas memórias de infância sobre a minha rua. Mas não foram só os prédios a mudar, foram também os corpos que habitam esses prédios.

O largo da minha rua já mudou de cara uma mão cheia de vezes, todas elas em ano de eleições locais. Só por uma vez senti essa mudança como necessária. Todas as outras vezes, pareceu-me que a mudança só era necessária ao autarca, para mostrar obra feita - mesmo que a obra feita, não significasse mais valia para a população da minha rua.

Na minha rua, quando parto de manhã para o trabalho e chego ao inicio da noite, sinto olhos nas janelas a mirarem-me. Quando algo acontece na minha rua, há agitação nas janelas dos prédios. Na minha rua, (quase) todos querem saber da minha vida, eu não quero saber da vida deles. É uma rua sem vida própria, onde os que se sentam nos bancos do largo da minha rua e os que frequentam o mini da minha rua, passam o tempo a comentar a vida dos outros - não há maior sinal de falta de vida própria.

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