Assim começa o artigo do IHT sobre o dia de hoje da volta a França. Um dos dias mais negros. Assim era porque Cristian Moreni, um ciclista da Cofidis, fora apanhado nas malhas do doping (mais um caso a somar a Vinokourov), e a sua equipa, tal como a Astana, havia abandonado o Tour. Para além disso, um grupo de ciclistas franceses e alemães recusou hoje participar na corrida - um claro sinal de descontentamento face à liderança de Rasmussen. Tal como escrevi no último post, não via nada assim desde 1998. Nesse ano, houve uma etapa feita a ritmo de passeio, em forma de desagrado com o que se passava. Mas na altura os ciclistas queixavam-se da perseguição sem limites que a organização do tour praticava contra os ciclistas, como se a acusação de doping pendesse sobre tudo e todos. Descobre-se hoje que, se a organização do tour pecou (bem, quem mais pecou foi a UCI, mas isso é uma história mais comprida), pecou por defeito. Passados nove anos sobre esse ano dramático - o de 1998 - o tour não teve um dos dias mais negros, mas sim o mais negro de toda a sua história.
Quando Samuel Abt, o repórter do Herald Tribune, escreveu o artigo, ainda não sabia que Michael Rasmussen, o camisola amarela e vencedor da etapa de hoje, iria a ser posto fora da corrida pela sua equipa - a Rabbobank. Parece que a alegada estadia no México como desculpa para a ausência dos dois controlos anti-doping a que fora convocado era mentira - o ciclista encontrava-se em Itália.
Para um desporto que vive da publicidade - são empresas que dão o nome à maior parte das equipas de ciclismo - estes escandalos só diminuirão a atractitividade do desporto. Gostava que o que sucede agora fosse um epílogo para o que veio à tona da água em 1998. Mas temo que tempos negros se avizinham para o ciclismo. Onde o doping não é a excepção, mas sim a regra.
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