270 milhões de pobres a menos no mundo.
O número de pobres no mundo baixou de 1,25 mil milhões para 980 milhões de pessoas, o que corresponde a 16% dos habitantes da Terra.
Convém recordar Soares, na sua entrevista à revista Única do Expresso [negritos meus]:
P-Como define a relação que existe actualmente com o dinheiro?
R-O neoliberalismo deu às pessoas a ideia de que o mundo é uma selva e a selva é para os mais fortes, que se alimentam dos mais fracos. É o que se chama o "darwinismo social". A força, aliás, não se mede pelo músculo, mas pelo dinheiro. Cada vez há mais pobres e maiores desigualdades e o que acontece a esses pobres? É indiferente: estão condenados a desaparecer. Neste momento há um relatório, nos Estados Unidos, onde se diz que o grande inimigo já não é o terrorismo, mas o perigo que podem representar as populações do Sul, famintas, vítimas do desenvolvimento e das catástrofes naturais, procurando desesperadamente entrar nos países ricos do Norte. É a única resposta possível - diz o relatório - será a exterminação em massa. Vejam! Trata-se de preconizar o regresso à barbárie... Depois do humanismo iluminista e, apesar de tudo, de dois séculos de progresso.
Na cabeça de Soares talvez o (neo)liberalismo tenha-lhe deixado a ideia que "o mundo é uma selva", mas Soares também tem a ideia que há um relatório americano que alerta para o "perigo que podem representar as populações do Sul" e cuja solução para tal problema é a "exterminação em massa"... logo, eu diria que as ideias de Soares andam um bocado deslocadas da realidade. Mas o que me interessava mesmo na reportagem era a parte do "cada vez há mais pobres", ideia mil vezes repetida pelas gentes de esquerda, parados no tempo, e incapazes de perceber as vantagens da globalização e do comércio livre. Ao menos numa coisa gostava de concordar com Soares, na previsão de que os pobres "estão condenados a desaparecer". Afinal de contas, o número absoluto de pobres decresceu em 27 vezes a população portuguesa. O que me assusta, e muito, é aquele Portugal multiplicado por 98 que continua a viver na pobreza - e não seria certamente com as ideias de Soares que esse número seria reduzido.
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