"The smallest minority on earth is the individual. Those who deny individual rights cannot claim to be defenders of minorities." Ayn Rand

sábado, outubro 6

Fernão de Magalhães

Enquanto lia este post do Francisco Almeida Leite, pensava na diferença abismal entre a organização rodoviária lisboeta e a nova-iorquina. Lisboa é uma cidade dominada pelos carros, e com um sistema de sinalização caótica. Nos meus trajectos pedonais pela capital portuguesa, invariavelmente via-me obrigado a atravessar a rua com o sinal vermelho para peões, e em várias avenidas da cidade, ao circular de carro, havia uma necessidade imperiosa de aumentar a velocidade para atravessar todos os cruzamentos sem apanhar um único semáforo vermelho (a temporização dos vários semáforos a isso incentiva). Para além disso, o estacionamento é caótico. Os passeios são em parte destinados às pessoas, em parte destinados aos carros. Circular a pé em Lisboa não é tarefa fácil, não só pelo relevo acidentado, mas também devido a esta organização rodoviária deficiente.

Em Nova Iorque é o contrário. É fácil perceber o porquê da maior parte dos habitantes da cidade não possuirem automóvel. Claro que o facto da cidade apresentar um relevo plano ajuda, mas não é só isso. Se em Lisboa nos orgulhamos da baixa pombalina, com as suas ruas perpendiculares e paralelas, o que dizer de grande parte de Manhattan. Com outra particularidade, as ruas não são associadas a um nome, mas a maior parte tem uma ordenação numérica, o que ajuda e muito para uma boa orientação na cidade. Não sei se andar de carro em Nova Iorque é mais fácil que em Lisboa, mas sei que pelos locais que passei, não vi carros estacionados em cima dos passeios - destinados exclusivamente às pessoas - e não tive nenhuma experiência com taxistas com condução desenfreada como facilmente se obtém quando se apanha um taxi em Lisboa.

Para além disso a temporização dos semáforos parece ter sido cuidadosamente planeada para servir o peão - temos sempre tempo para atravessar calmamente todas as ruas, e raramente perdemos muito tempo à espera que o sinal passe para verde (no caso de Nova Iorque, passe para branco). É quase como se a passadeira fosse em Nova Iorque uma continuação do passeio pedonal mais do que uma secção da estrada destinada também ao atravessamento por peões - e isto faz toda a diferença. Em Nova Iorque o peão manda, e o carro assume um papel subalterno.

Depois, lá está, em Nova Iorque a vida comercial faz-se nas ruas e não nos centros comerciais. Em Lisboa há muito que esse hábito foi perdendo força. Quanto muito na capital há a avenida de Roma e a Rua Augusta, mas pouco mais. Numa cidade onde o carro tem mais força que o peão, é normal que as pessoas tendem a concentrar-se nos locais onde não há transito - resta-lhes, portanto, o Colombo e o Vasco da Gama.

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