Le Petit Dictador monta sempre o espectáculo para telespectador ver. No primeiro dia deu espectáculo:
De cimeira só no nome, porque aquilo tem sido mais um circo. Os pequenos ditadores sul-americanos lidam mal com a democracia e o respeito pelos outros. Um total desprezo pelas regras de conduta. A habituação a terem um palco só para si, leva-os a confundirem liberdade de expressão com poderem dizer tudo o que lhes passa pela cabeça, em qualquer lugar, em qualquer momento, e durante quanto tempo achem necessário. Há um palhaço de serviço e alguns bobos da corte, e os restantes não se dão ao respeito. Curvam-se à palhaçada chávista. Daí que a tirada de rei Juan Carlos - Por qué no te callas? - acaba por ser das poucas coisas boas que aconteceram nesta cimeira. Afinal, sempre há quem não se curve e se dê ao respeito.
Hoje continuava a festa:Muito poucos saíram ilesos da meia hora de discurso de Hugo Chávez, ontem, na XVII Cimeira Ibero-Americana, em Santiago do Chile. [...] A regra dos cinco minutos de palavra por chefe de Estado não foi cumprida por Chávez, mas ninguém teve coragem de o interromper, dando tempo ao líder "bolivariano" para discorrer as suas propostas alternativas à agenda oficial do encontro entre os 22 chefes de Estado e de Governo ibero-americanos.
O rei Juan Carlos de espanha é que não foi na cantiga e mandou Chávez calar-se. Quem não se curva ao pequeno ditador merece todo o meu respeito (hoje sou um bocadinho monárquico), mas claro que a festa continuou:O actual chefe do Governo de Madrid, José Luis Rodríguez Zapatero, usou da palavra para insistir – já o tinha feito de manhã, em conferência de imprensa – no “respeito” por Aznar. [...] Chávez tentou interrompê-lo e, apesar de que o microfone se mantinha desligado, continuou, não longe da delegação espanhola, a reclamar o seu direito à liberdade de expressão.
Em seguida, claramente perturbada, a anfitriã do encontro, a Presidente chilena, Michelle Bachelet, deu a palavra ao seu homólogo da Nicarágua, Daniel Ortega. Que recusou os “três minutos”, avisou que falaria o tempo que lhe apetecesse e, em nome da liberdade de expressão e da diversidade democrática, ofereceu primeiro a palavra a Chávez, para que pudesse responder a Espanha. [...] Daniel Ortega falou durante 20 minutos, apoiando as apreciações de Chávez sobre Aznar, criticando a “aliança político-militar” que aquele teceu com os EUA. Sempre olhos nos olhos com Zapatero e Juan Carlos, o líder da Nicarágua defendeu o “direito à liberdade de expressão” de Chávez, que apenas criticou “o cidadão” Aznar, que “fez e continua a fazer campanha contra a Venezuela”. “Se nós temos que vos respeitar, vocês têm de se dar ao respeito”, reclamou. Irritado, Juan Carlos acabou por abandonar a sala, tendo voltado ao plenário apenas após o hino, para a sessão de encerramento.
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