No seu último artigo no Público, Vital Moreira defendeu a escola pública como parte de um projecto republicano, laico, igualitário e progressista. Esta defesa da escola pública é um reconhecimento de que ela é um instrumento de combate político e de engenharia social de uma facção política contra as restantes. Apesar de todos os portugueses pagarem impostos, nem todos partilham dos valores que Vital Moreira usa para justificar a escola pública. Nem todos os portugueses querem uma educação republicana, laica, igualitária e progressista para os seus filhos. A sociedade portuguesa é suficientemente plural para nela coexistirem monárquicos e republicanos, crentes e ateus, socialistas e liberais e progressistas e conservadores.
Se o Estado devolver o valor dos impostos sob a forma de um cheque-ensino, os cidadãos recuperam o direito de aceitar ou rejeitar o projecto político que Vital Moreira propõe para a escola pública. Vital Moreira tem razões para temer que esse direito à escolha afaste muitas pessoas das escolas que promovam o ideal progressista. Tem boas razões para temer que esse ideal pode não ter argumentos suficientes para convencer os cidadãos a colocar os filhos nas escolas que o defendam.
João Miranda no DN.
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