Uns quantos ditadores africanos vieram a Lisboa passear vaidades e fazer propaganda. O governo português fica extremamente satisfeito porque obteve mais um registo para pôr no curriculum da presidência da UE. Uma cimeira com África que já não se fazia desde a última presidência portuguesa em 2000, essa feita em território africano no Cairo. Como todos se devem recordar, um autêntico sucesso. O objectivo da cimeira, como convém, não passa de uma coisa vaga como reabrir o diálogo entre a europa e a áfrica. De concreto, de palpável? Pouco ou nada, excepto os gastos para a realização de tão magnânime espectáculo. No fim, objectivo cumprido, cada um pode seguir a sua vida. Os africanos tratam dos problemas deles que nós tratamos dos nossos. Very nice, very good, keep on moving, men! Da crise no Darfur? Bem, a cimeira não tem tabus e todos os assuntos estão em cima da mesa, mas calma... ok... porque isto afinal, tal como põe as coisas o nosso primeiro, trata-se de uma coisa "entre iguais". Até podemos discordar, mas nada de pôr em causa a legitimidade de um Omar al-Bashir, de um Muammar Kadhafi ou de um Robert Mugabe de liderarem os seus países em completo desrespeito pelas liberdades e garantias do povo - é tão óbvia a razão porque não se recebe o Dalai Lama, como é óbvia a razão porque se recebe o Mugabe e amigos. Quanto a mim, que se f*da a real politik, se é que o leitor me perdoa o desabafo...
De resto e para concluir, gostaria de deixar um breve apontamento entre a comparação entre a cimeira UE-África e a cimeira Ibero-Americana. É óbvio que os lideres africanos ainda tem muito que ensinar aos lideres sul-americanos sobre governos ditatoriais, mas sobre palhaçada e entretenimento deixam muito a desejar quando comparados com Chávez (nem Kadhafi, o big entretainer da cimeira chegou sequer aos pés do lider venezuelano). Não houve um momento "porque não te calas?" nesta cimeira - o que só lhe retira valor - e assim não vale a pena.
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