O seu discurso na vitória do Iowa é brilhante do ponto de vista formal: na duração, no ritmo, na mistura Luther King com W. Whitman, remetendo para a memória das intervenções mais marcantes de L. King (ir a Washington cobrar a factura), e de Kennedy ("Let us begin"). A "esperança" como refrão, por contraponto à "fé" (que é cega); os dois exemplos concretos de duas pessoas sem assistência médica; o despertar da paixão da América por si própria, num final quase apoteótico de apelo à unidade. Absolutamente profissional, em suma.
O problema de Obama, se ganhar as eleições, pode ser o excesso de expectativas. O nosso problema é que ele quer que os "rapazes" abandonem o Iraque e voltem para casa e parece mais interessado numa América mais fechada, centrada nos seus problemas - a redução da dependência do petróleo, por exemplo - e menos interventiva no plano internacional. Não são muito boas notícias, parece-me.
Discordo da observação final, parece-me que uma América mais fechada é exactamente o que é necessário neste momento. E no fim, quando o mundo com os seus problemas precisar da América (se precisar), será o mundo a reclamar por esta, e esta virá como sempre veio ao longo de todo o século XX. Em suma, uma América intervencionista porque lhe pedem, e não porque se arroga no direito de...
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